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Calema: “As fãs vão sonhar e fantasiar connosco”

© Instagram Calema

Figuras de primeira linha da música lusófona, os manos Fradique e António acabam de lançar o disco “Yellow”. Os Calema estão mais maduros, casados e com filhos, mas isso não lhes rouba a visão que mistura arte e marketing. Em cima do palco, sabem que têm de ser as personagens por quem as fãs podem suspirar. E estão tranquilos com isso.

O videoclip do tema “Te Amo”, do novo álbum, começa com um show antigo dos dois, quando eram mais novos. Que concerto foi esse?
António – Foi um concerto que demos na ilha do Príncipe. Era a nossa primeira vez naquela ilha e foi muito giro, pois tivemos a oportunidade de cantar para imensas pessoas. Foi em 2007, eu devia ter 13 anos e o Fradique 18.
Fradique – Lembro-me bem, por acaso naquele dia quem lá estava era o Anselmo Ralph. Foi a primeira vez que o vimos ao vivo. Fomos ao camarim dele, no autocarro, pedir um autógrafo, até assinou a t-shirt. E contou-nos que a filha até começou a andar nesse dia.

Qual foi a ideia de mostrar aquele concerto antigo?
A – Na nossa caminhada está tudo conectado. Aquele concerto é de quando consumíamos muita música dos anos 80 e 90. Quisemos trazer para o videoclip um pouco daquilo que os nossos pais nos contaram. Naquela época havia umas discotecas míticas, chamadas fundão, onde se dançava até altas horas. Eram uma barracas e quando aquilo ficava quente, com o calor humano, começava a pingar lá dentro.
F – Os nossos pais contavam-nos muitas histórias daquela época quando saíam para dançar. Eram poucos os sítios que faziam música ao vivo. Naquele caso especial foi um festival, num descampado, e tinha muitas pessoas a apoiar a causa, porque era uma homenagem ao Camilo Domingos. A música faz-nos lembrar uma época em que as pessoas tinham prazer em sair para dançar, para partilhar. Isso fascinou-nos. À medida que o tempo passa, dá impressão que há muitas coisas importantes no passado. Com as novas tecnologias estamos a deixá-las para trás, a esquecê-las. Claro que é preciso abrir espaço à evolução, mas há coisas que continuam a ser ricas e que fazem parte da nossa história.

Sentem que o vosso sucesso nos últimos tempos foi muito rápido?
F – (risos) Foi. É verdade, o tempo voa e voa ainda mais quando estamos neste meio. A criar música, a trabalhar no estúdio. É por isso que fazemos sempre trabalhos deste tipo, para irmos buscar um bocado da nostalgia do que se viveu em São Tomé, para não perdermos as memórias e passarmos isso para a nova geração.

Incluindo artistas dessa época?
F – Foi baseado também nessa geração de artistas e produtores que já não estão entre nós. Fizemos-lhes homenagem, porque também fizeram com que a música lusófona pudesse chegar até hoje.

CONTRATO CABO-VERDIANO EM SÃO TOMÉ

© Instagram Calema

Que diferença de idade têm?
F – Cinco anos. Sou mais velho. Tenho 32, o António 27.
Como começaram na música?
F – Muito naturalmente. Os nossos pais escutavam muita música, tinham cassetes, CD, desde músicas brasileiras até africanas. E como consequência escutávamos isso e cantávamos. Temos também a cultura religiosa.

Foi isso que vos levou a cantar?
F – Íamos para a igreja, cantávamos no grupo coral, mas era uma necessidade. A música era para nós um convívio. Quando estávamos na igreja, quando estávamos juntos. Estávamos sempre a cantar. E quando íamos à praia. Qualquer sítio onde fôssemos, a música estava presente, seja com um instrumento ou um pedaço de madeira.

Quando perceberam que era mesmo a sério?
A – Quando gravámos duas músicas em São Tomé.
F – Comecei antes do António, fazia rap com uns amigos da escola.

E em dupla?
F – Foi influência das duplas sertanejas. Os nossos pais, como tivemos sempre essa base, sugeriram ‘por que é que não tentam os dois juntos cantar?’. E nós tentámos de várias formas. Foram muitos meses de ensaios, testes, começámos a tocar nos hotéis, nos bares, em São Tomé. E isso ajudou-nos bastante. Depois cresceu pouco a pouco.

© Instagram Fradique Mendes Ferreira

Os pais acompanhavam-vos?
F – Sempre. Eram o que podemos chamar de managers. Eles é que impulsionavam sempre que íamos a algum lado. Quando começámos a tocar nos hotéis foi graças à nossa mãe. Trabalhava no hotel como enfermeira e perguntou lá se podíamos actuar, fazer uma apresentação, mostrar. E o director disse que sim. Fomos e gostaram. Convidaram-nos para cantar para os turistas e assim começou a desenvolver-se a nossa dupla.
A – Em 2007, houve um evento onde se comemorou a independência de Cabo Verde em São Tomé, onde há muita comunidade cabo-verdiana. E havia na capital um festival, com vários artistas, para se comemorar. O meu pai ouviu na rádio e pensou que era uma boa oportunidade para irmos lá cantar. Fomos para cidade, ele falou com um conhecido que estava a apresentar o evento e conseguiu.

Como foi?
A – Subimos ao palco, cantámos duas músicas que tínhamos feito e lançado e cantámos “Sodade”. E aí o produtor da Cesária Évora, que estava presente, gostou imenso e propôs-nos um contrato para gravarmos. Dissemos ‘olha, nunca tinha acontecido em São Tomé alguém aparecer com um contrato’. Foi extraordinário. Ficámos muito felizes.

© Instagram António Mendes Ferreira

Onde vivem os vossos pais agora?
F – Estão em França. Fizeram todo o nosso percurso ao nosso lado. Qualquer coisa que a gente lance, são os primeiros a partilhar. E é tão bom poder tê-los sempre na nossa carreira, assim como muitas outras pessoas importantes que fizeram com que as coisas funcionassem.

SEM TEMPO PARA FICAREM CHATEADOS

Este álbum “Yellow” é um bocadinho da vossa história?
F – Este álbum é uma viagem. Uma continuação daquilo que trouxemos com o disco anterior, mas este traz um universo diferente, uma sonoridade nova. Trouxemos uma parte cultural de África, misturada com Europa. É um bocado também daquilo que somos. Uma mistura, um bocado de Portugal, de Angola, de França.

Quantos anos viveram em França?
F -Três.

E em Portugal?
A – Estamos há seis anos e tal. No total quase 10 anos. No início ficámos três anos em Portugal, depois fomos para França, entretanto voltámos. E tem sido uma descoberta fantástica, porque quando viemos… passámos praticamente a juventude toda em São Tomé e quando chegámos a Portugal tivemos de nos adaptar a muita coisa, a estrutura do país, como tudo funcionava. Andámos a primeira vez de metro, de autocarro, era todo um mundo novo. Os prédios, muitas pessoas na rua. Em São Tomé só se via muita gente na rua quando era festa.

Têm saudades de São Tomé?
F – Sim, muitas. Sempre. Nunca vamos esquecer. Tivemos uma infância incrível, feliz, à volta da Natureza virgem. É algo que nos marcou e tudo aquilo que fazemos hoje é baseado no que vivemos no passado. É essa alegria, esse “Yellow”, esse sorriso, essa energia que tentamos passar sempre para as pessoas. Independentemente de no dia-a-dia termos obstáculos, dificuldades, o mais importante é sermos felizes com pouco para sermos felizes no geral.

© Instagram Calema

Ainda são vocês que escrevem as vossas músicas?
Sim.

Juntos?
Depende, mas a maior parte das vezes saem quando estamos juntos.

Também discutem como todos os irmãos?
F – Claro! Para haver equilíbrio tem de haver momentos assim de tensão. É normal. Temos de nos conhecer e para isso temos de ver onde está o limite de cada um.

Quem tem o pior feitio?
F -Depende do contexto. Mas podemos dizer metade, metade. (risos)
A – Dizemos que não temos tempo para ficarmos chateados um com o outro, porque o objectivo que temos é maior do que isso.

© Instagram Calema

E quando eram mais novos?
A – Era mais com o nosso irmão mais velho, que agora vive em Inglaterra. Temos também um mais novo, que vive em Portugal connosco. Mas eu E o Fradique passamos a maior parte do tempo juntos. Já nos conhecemos e já sabemos onde está o limite de cada um. Quando há qualquer tipo de problema, sentamo-nos, conversamos e resolvemos. Sempre foi assim.

LIBERDADE É SENSUAL

Alguma vez se apaixonaram pela mesma rapariga?
A – Por acaso não me lembro de ter acontecido. Como fazemos cinco anos de diferença, tínhamos grupos de amigos diferentes. Não houve ocasião para isso acontecer.

Nessa altura já faziam sucesso com as miúdas?
A – Era eu na minha turma e ele na turma dele. (risos)
F – Eu fazia sucesso. Tem até hoje uma professora que ficou minha fã. Lá em São Tomé há muitos professores portugueses. Até hoje ela vai aos nossos shows e já tem duas filhas, que vão com ela. É fantástico ver o brilho nos olhos dela.

Agora têm uma legião de fãs?
A – Com o percurso vem a responsabilidade de passarmos uma mensagem para a sociedade. Temos a nossa moral, fazemos música e não só, temos de fazer algo de útil na sociedade para além da música. No nosso percurso tentamos sempre passar uma mensagem, para o povo e para a nova geração. E com este álbum foi o que tentámos passar. O amor…

Estão mais sedutores neste novo álbum?
F – Sim. Neste álbum, sobretudo, procuramos trazer essa parte do tropical, do sensual. No início começo logo de tronco nu. E não tenho nenhum tanque na barriga, mas estou a borrifar-me. Porque é uma forma de passar para as pessoas que é quase como uma roupa. Tu tens de defender a roupa que tu colocas. E a roupa molda-se no teu corpo. É isso que queremos passar. Podes ser sensual, se tu na tua cabeça te sentes livre, te sentes bem. Porque não vale a pena seguimos uma moldura que a sociedade tem daquilo que é perfeito. Mas sem dúvida o sensual vende, é bom. O pessoal adora essa parte mais picante.
A – É a liberdade de espírito. Nunca vamos ser livres se pensarmos que precisamos de certas roupas ou objectos para sermos felizes. Isso passamos em “Yellow”: encontrar a felicidade na simplicidade, no sorriso, no abraço, no obrigado. Isso é que fica.

© Instagram Calema

Quantas mensagens recebem por dia das fãs?
A – Não fazemos ideia. Nem sabemos como fazer para responder a estas mensagens todas. É impressionante o número de pedidos de amizade que chegam a toda a hora. Há muitas pessoas que nos mandam mensagens porque estão a passar por um problema complicado. Houve uma moça que nos disse que foi através das nossas músicas que conseguiu superar uma depressão. Isso deixa-nos muito orgulhosos, porque estamos a conseguir deixar uma marca.

Têm medo que este sucesso acabe?
F – Temos a filosofia de não nos enganarmos. Há uma paz que vem. Estamos aqui na Terra, todos temos um propósito, uma oportunidade de deixar algo, de fazer o bem. E cabe a cada um de nós fazer isso.

A fama não vos subiu à cabeça?
F – A fama já subiu, mas nós não. (risos) Quando o nosso objectivo inicial é fazer música com o coração, é espalharmos algo maior do que nós… Pode vir fama, vaidade, orgulho, que nada disso consegue ultrapassar o nosso objectivo. Se uma pessoa tiver boa educação e carácter, independentemente de ser rica e famosa vai continuar a tratar ou outros como merecem. Fico a pensar quando as pessoas dizem que somos humildes, mas a humildade já faz parte da educação.
A – Parece que para os outros a humildade é um dom, mas para nós é natural. É respeito e compaixão pelo próximo, porque somos todos iguais.

“MUITAS MULHERES SONHAM TER ALGUÉM ASSIM”

© Instagram Calema

Há quanto tempo não vão a São Tomé?
F – Dois anos. Mas este ano vamos em trabalho. Ainda temos lá tios, primos, amigos…Vamos a 12 julho, Dia da Independência, fazer o lançamento do “Yellow”. Vamos também fazer em Angola, Moçambique, Guiné-Bissau. Consideramo-nos a voz da lusofonia, pois crescemos com muitos países à nossa volta. Por exemplo, a nossa mãe é filha de cabo-verdianos, o nosso pai é filho de portugueses (o pai dele é de Viseu), a nossa avó tem misturas de São Tomé e Angola. Sentimo-nos como se fôssemos o elo que conecta toda a lusofonia.

Quais são as vossas fãs mais eufóricas?
A – São as de Angola e da Guiné.

São casados?
F – Sim. E com filhos. Eu tenho dois rapazes, o António tem um.

Como é que gerem a família com a música?
A – Temos a vantagem de sermos irmãos e sermos dois na estrada. Desde São Tomé que estamos juntos, já andámos na chuva, no calor, já conversámos, há uma história e isso ajuda também. Estamos um pelo o outro. É bom.
F – Passamos muito tempo fora, sem dúvida, temos de gerir isso bem, quando é para dedicar tempo à família e ao trabalho. Para ter o equilíbrio necessário nos dois lados. Tudo bem organizado funciona, mas há coisas que interferem, sem dúvida.

Ciúmes por causa das fãs?
F – Tem de haver uma base de confiança. Porque também nos estamos a vender, há marketing envolvido. Somos personagens numa história. E os actores principais. Muitas mulheres sonham ter alguém assim. É claro que tem limites para tudo. No palco podemos dar-nos por completo, viver aquilo, e é bom. Não tem como estar no palco e colocar uma barreira enorme, “olha já somos comprometidos, não me olha assim”. Não tem como. As fãs vão sonhar e fantasiar connosco. E é bom para nós.
A – É importante estarmos lá todos para nos divertirmos com limites. É essa partilha. O amor mútuo pelo próximo. Não quer dizer que pelo facto de sermos comprometidos não gostemos das nossas fãs.

Com quem gostavam fazer um dueto?
A – Vários artistas. Mais na perspectiva de trabalhar, aprender, fazer uma música. Justin Timberlake, Bruno Mars, Pharrell Williams.
F – É mais passar um tempo com eles no estúdio. A música às vezes não é bem o resultado. Mas nessa junção se houver magia e um bom tema faz toda a diferença.

Até onde pretendem chegar?
A – Portugal é uma base para nós. O nosso objectivo é fazer com que a música chegue mais longe e a mais pessoas. Trabalhamos para que a nossa música se internacionalize. Sabemos que não é fácil, mas vamos trabalhar para que isso aconteça.

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