
A fundadora da marca de roupa com o seu nome não ambiciona ser mãe, mas deseja casar-se e até já tem cinco vestidos de noiva escolhidos. Só falta arranjar namorado, sabendo bem o que quer: é fascinada por homens inteligentes e confessa que fica uma criança ao lado deles.
Vai apresentar uma nova colecção nas redes sociais e na Strong TV em Moçambique. O que pode adiantar?
Não diria que é uma colecção. Na verdade, é um evento que se chama Ubuntu. Envolve uma junção de diferentes tipos de arte e uma delas, neste caso a principal, é um desfile de moda com peças da minha marca de roupa.
O que simboliza?
Ubuntu é uma palavra africana antiga de origem bantu, que significa humanidade para todos. Estamos numa fase complicada, de instabilidade e, principalmente, como moçambicanos, estamos em tempo de adversidade pelos acontecimentos em Cabo Delegado. Então Ubuntu simboliza generosidade, em que a pessoa partilha o que tem. E é o que queremos tentar cultivar, motivando as pessoas, principalmente a camada jovem, a fazer neste momento crítico. Queremos mostrar através de um movimento cultural, através da arte, que se todos fizermos um pouco podemos fazer muita coisa e mudar uma realidade.

Em que se inspirou?
Como mencionei, na situação actual do país, a instabilidade que o vírus trouxe a algumas famílias, movimentos como Black Lives Matter. Uma junção de tudo isso.
Por que escolheu artistas conhecidos como Guyzel Ramos para desfilar?
Passamos a vida a responsabilizar entidades e esquecemo-nos que podemos também fazer alguma coisa. Nós jovens principalmente. Temos energia, temos acesso à informação, novos métodos e temos força. Então primeiro escolhi este grupo artistas, porque de certa forma eles influenciam a maior parte da camada jovem no País e porque são os que eu mais admiro em cada ramo.

Há quanto tempo criou a sua marca de roupa?
A marca existe oficialmente desde 2016.
O que fazia antes de criar a marca?
Comecei nova, com 18 anos, por isso antes disso estive a estudar. Este é o meu primeiro trabalho.
Formou-se no Brasil. Em que curso?
Um conjunto de diferentes cursos, mas tudo em volta do processo de produzir uma roupa usando a ciência, como modelagem plana, a técnica da moulage, acabamentos de alta costura e outros.

Como foi essa experiência?
A experiência foi linda, porém desafiadora. Fiz em três meses cursos que deviam durar um ano. Então quase acordava e dormia na escola. Mas o resultado e as mudanças que trouxe para a minha marca foram grandes.
Em que é que a sua marca se diferencia das outras?
Há tendências e o Mundo todo em determinadas épocas está virado para elas, mas mesmo assim há sempre um toque. E o meu diria que é envolver-me com cada peça que sai do atelier e fazer as coisas com amor.

Que figuras públicas já vestiu?
Em Moçambique quase todas, a maioria cantoras.
Qual a celebridade que mais gostou de vestir?
É sempre muito bom trabalhar com a Lizha James. Para além da repercussão que sempre tem, acolheu-me desde o meu início e é uma pessoa que se importa com meu o crescimento.

Qual a sua grande ambição profissional?
Que a marca seja conhecida mundialmente e elevar o nome do meu País através da moda.
Trabalha algumas vezes com a sua irmã, que é maquilhadora. Como nasceu esta dupla profissional?
A Ósmia trabalha com maquilhagem e eu com moda, então acabamos nos encontrando. Uma coisa depende da outra.

Sempre se deram bem?
Nem sempre, a nossa diferença de idade é grandinha, são cinco anos. Então num certo intervalo não estávamos a viver a mesma vibe de coisas. Quando as duas já ficámos adultas, foi encantador, descobrimos que éramos ótimas companhias uma para a outra.
Como se pode ver no seu Instagram adora viajar. Qual a viagem inesquecível?
Zanzibar, se calhar por ser a mais recente. Mas era o lugar dos meus sonhos, como destino de viagem e quando consegui fiquei encantada. E foi superinteressante, porque fui sozinha. A pessoa se gere. E adoro praia, o próximo destino dos sonhos agora é Santorini.

Tem namorado?
Não, não tenho.
Como é a Isis nas relações amorosas?
Calminha, para quem percebe o que faço. Sou muito dada, gosto de ver as pessoas de quem gosto bem, desde que respeitem o meu espaço. Porém também já percebi que ter conquistado a minha independência cedo compromete essa área. Já vi que muitas pessoas se repelem por isso, outras têm já na cabeça a ideia de que “ela é mandona” e procuram problemas a todo custo, para justificar isso, ou que “ela tem acesso a muita gente, vai ser difícil ficar só comigo”. Entre outras coisas que já ouvi que Deus…

O que tem de ter um homem para conquistá-la?
Inteligência. Sou ansiosa. Penso rápido e muitas coisas ao mesmo tempo. Para a pessoa ter a minha atenção e me colocar calada e paciente a ouvir, tem de estar a dizer algo muito interessante. Pessoas inteligentes me fascinam, fico criança ao lado.
Já sofreu um desgosto de amor?
Quem nunca? (risos) Mas normalmente trabalho e coloco outras preocupações na cabeça e passa.

Sonha um dia casar-se e ter filhos?
Sonho em casar-me, gostaria muito de caminhar com companhia. Não, não sonho em ter filhos. Mães têm superpoderes e eu não gostaria de testar os meus com a matéria já na mão. Brincadeira! (risos) É uma responsabilidade que não tem volta! Não há “estou cansada vou dar um intervalo”, não há “não quero mais” ou “não aguento”, é um compromisso para a vida toda e isso assusta-me. Vejo todos os dias mães a abdicarem de coisas importantes para elas pelos filhos. E é lindo. Mas ainda tenho muita coisa para organizar na minha vida antes de dar prioridade à vida de outra pessoa. Pode soar a egoísmo, mas que seja. Quero ser boa em tudo o que faço e gostaria de estar preparada e querer isso. Mas agora não quero e não me imagino a querer. Crianças merecem pais que as queiram. Amo bebés e crianças, mas gosto porque depois vão para as suas casas. (risos)
Como imagina o seu casamento?
O dia do casamento nunca parei para idealizar. A única coisa que sei é que tenho cinco vestidos para usar nesse dia.

E a vida de casada?
Imagino duas pessoas supercalmas, que têm sempre vontade de correr para casa – porque amo estar em casa –, três cães, plantinhas com nomes. Um gosta de comer e outro de cozinhar ou os dois as duas coisas para entreter.
Começou recentemente a viver sozinha. Como está a ser essa experiência?
Mudei-me numa altura em que a pandemia estava a começar, então não havia muito trabalho a fazer, daí que tinha tempo para ficar em casa, cuidar das coisas, perceber como ia funcionar sozinha numa casa. Enfim, fazer as comidas, as limpezas. Agora, que as actividades estão a voltar, já não está a ser uma coisa assim assustadora. Dá para gerir melhor, porque já tive aquela preparação. Mas fora isso sempre gostei de estar sozinha, mesmo em casa. Ficava ansiosa para todo o mundo sair para ficar sozinha. Então é um sonho tornado realidade, ter o meu espaço, fazer as coisas no meu tempo e não sentir que estou a invadir o espaço de alguém. Está a ser muito bom.
